Luxação Recidivante de Ombro (Instabilidade do Ombro)
A luxação recidivante acontece quando o ombro sai do lugar (luxa) mais de uma vez, ou seja, há instabilidade na articulação do ombro. É importante diferenciar instabilidade de hiperlassidão ligamentar. Quem tem hiperlassidão possui articulações naturalmente mais soltas, com maior flexibilidade, mas sem dor. Já a instabilidade é uma condição anormal, em que o ombro sai do lugar (luxa ou subluxa) com dor e perda de função.
Por que o ombro é tão instável?
A articulação do ombro (glenoumeral) é a mais móvel do corpo humano – e, por isso, também a mais instável. A cabeça do úmero (osso do braço) se encaixa em uma cavidade rasa da escápula (glenoide), o que exige uma série de estruturas para manter a estabilidade: músculos, ligamentos e o lábio glenoidal (labrum), uma cartilagem que funciona como um “berço” para o úmero. O principal estabilizador passivo é o ligamento glenoumeral inferior.
Como é feito o diagnóstico?
Durante a consulta, o ortopedista especialista em ombro vai investigar como foi a primeira luxação, com que frequência o ombro sai do lugar, se o paciente consegue recolocá-lo sozinho e se há outras doenças associadas. O exame físico inclui testes específicos de instabilidade, e exames de imagem ajudam a confirmar o diagnóstico.
Tipos de instabilidade
A instabilidade do ombro pode ser classificada de acordo com:
- Direção: anterior (mais comum), posterior, inferior ou multidirecional;
- Origem: traumática, atraumática ou traumática com hiperlassidão;
- Tempo: aguda, recidivante ou antiga (inveterada);
- Voluntariedade: se o paciente consegue ou não luxar o ombro de forma voluntária.
A forma mais comum é a instabilidade anterior traumática, geralmente após queda com o braço elevado e rodado para fora, causando a lesão de Bankart, que é o descolamento do labrum anteroinferior da glenoide.
A luxação posterior é rara, podendo ocorrer por trauma direto, convulsões ou choque elétrico.
Na instabilidade multidirecional, o ombro pode sair do lugar em mais de uma direção, com frouxidão ligamentar e, às vezes, sem lesões visíveis.
Após a primeira luxação, há risco de novas?
Sim. Quando a primeira luxação ocorre entre 15 e 25 anos, o risco de nova luxação é muito alto. O tratamento conservador (tipoia por 6 semanas) não costuma funcionar bem, pois a lesão labral (Bankart) não cicatriza sozinha.
A posição de risco para nova luxação é com o braço elevado e girado para fora (como em uma cobrança de lateral no futebol), especialmente em momentos de relaxamento muscular.
As lesões pioram a cada nova luxação?
Sim. Cada episódio pode aumentar o dano na cartilagem e nos ossos da articulação, como:
- Lesão de Hill-Sachs (afundamento no úmero),
- Perda óssea na glenoide,
- Afrouxamento da cápsula articular.
Com o tempo, o ombro pode sair do lugar com movimentos cada vez menores – até mesmo durante o sono.
Existe tratamento sem cirurgia?
Sim, em alguns casos. O tratamento conservador com fisioterapia é indicado principalmente para instabilidades sem lesão do labrum, como em casos de hiperlassidão ligamentar. O objetivo é fortalecer a musculatura e melhorar a postura.
Porém, em instabilidades traumáticas com lesão labral, a fisioterapia sozinha é paliativa e não resolve a causa do problema. Nestes casos, o paciente deve evitar atividades de risco.
A cirurgia é o melhor tratamento?
Na maioria dos jovens com instabilidade traumática, sim. A cirurgia corrige a lesão do labrum (Bankart) e outras alterações, como:
- Retensionamento da cápsula articular,
- Tratamento da lesão de Hill-Sachs com o procedimento chamado Remplissage,
- Reparo da lesão SLAP (quando presente).
Quando operar?
A maioria dos casos é tratada com videoartroscopia, técnica minimamente invasiva feita por pequenas incisões. As indicações e técnicas incluem:
● Reparo da lesão de Bankart
Com âncoras e suturas que fixam o labrum e apertam a cápsula articular.
● Remplissage
Para casos com lesão óssea no úmero (Hill-Sachs). O tendão do infraespinal é fixado sobre o defeito para impedir novo encaixe na glenoide.
● Capsuloplastia
Para pacientes com frouxidão ligamentar e instabilidade multidirecional.
● Reparo da lesão HAGL
Lesão rara, em que os ligamentos se soltam do úmero. Cirurgia delicada, feita por especialistas em artroscopia.
● Cirurgia aberta (Latarjet)
Indicada quando há grande perda óssea da glenoide (>20%). É feita com enxerto ósseo e tem maior taxa de complicações.
Cirurgia aberta ou por videoartroscopia: qual a melhor opção?
Atualmente, a videoartroscopia é considerada a técnica mais moderna e menos invasiva para tratar a luxação do ombro. Com pequenos cortes e o uso de uma câmera, o cirurgião consegue visualizar toda a articulação por dentro e reparar as lesões com precisão, causando menos trauma aos tecidos.
Já a cirurgia aberta era mais utilizada no passado e ainda pode ser indicada em alguns casos específicos, como em lesões muito grandes, fraturas associadas ou quando há falha de cirurgias anteriores. No entanto, por ser mais invasiva, costuma ter um tempo de recuperação maior e cicatrizes mais visíveis.
Na maioria dos casos de luxação do ombro, especialmente em pacientes jovens e ativos, a videoartroscopia oferece ótimos resultados com menor dor no pós-operatório, recuperação mais rápida e melhor aspecto estético. Além disso, permite o retorno mais seguro às atividades físicas e esportivas.
O tipo de cirurgia ideal deve sempre ser definido pelo ortopedista especialista, levando em conta o tipo e gravidade da lesão, o perfil do paciente e seus objetivos.
O tempo para voltar a praticar esportes depende do tipo de lesão tratada e da cirurgia realizada, mas geralmente ocorre entre 4 a 6 meses após a cirurgia. Atividades leves e de baixo impacto podem ser retomadas antes, enquanto esportes com risco de contato ou movimentos extremos do ombro (como vôlei, natação, lutas, crossfit) exigem um tempo maior de recuperação.
Seguir a reabilitação corretamente, evitar movimentos arriscados nas fases iniciais e manter a musculatura do ombro fortalecida são fundamentais para um retorno esportivo com segurança e desempenho.
Retorno à prática esportiva após a cirurgia por videoartroscopia
Um dos principais objetivos da cirurgia é permitir que o paciente retome sua rotina normal, incluindo a prática de esportes, com segurança e sem o risco de novas luxações. Após a artroscopia, esse retorno é possível e esperado, desde que o paciente siga corretamente todas as orientações do pós-operatório.
O tempo para voltar a praticar esportes depende do tipo de lesão tratada e da cirurgia realizada, mas geralmente ocorre entre 4 a 6 meses após a cirurgia. Atividades leves e de baixo impacto podem ser retomadas antes, enquanto esportes com risco de contato ou movimentos extremos do ombro (como vôlei, natação, lutas, crossfit) exigem um tempo maior de recuperação.
Seguir a reabilitação corretamente, evitar movimentos arriscados nas fases iniciais e manter a musculatura do ombro fortalecida são fundamentais para um retorno esportivo com segurança e desempenho.
Como é o pós-operatório?
Depende da técnica realizada e das lesões tratadas. Em geral:
- Tipoia por 6 semanas para proteger a cicatrização;
- Fisioterapia precoce para recuperar os movimentos;
- Fortalecimento muscular a partir de 6-8 semanas;
- Nos casos de Remplissage, os exercícios são mais atrasados (apenas após 12 semanas);
- Parar de fumar e seguir as orientações do fisioterapeuta são fundamentais;
- O retorno ao esporte é possível, mas deve ser gradual e sempre com orientação médica.
Se você tem instabilidade no ombro ou sofre com luxações frequentes, agende uma consulta com ortopedista especialista em ombro. O diagnóstico correto e o tratamento adequado fazem toda a diferença para evitar dor, novas lesões e melhorar sua qualidade de vida.
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